Fonte: Gustavo Hennemann in Folha de São Paulo, 24 de agosto de 2010.A perfuratriz se chama Strada. Haverá nome mais lindo para uma máquina? Lá vai essa água mole, 15 metros por dia, fazer furo, perfurar, abrir buraco, fender a pedra, dividi-la, introduzir uma passagem, um caminho, fazer estrada onde não há. Pois esse é exatamente o trabalho dos psicólogos ali presentes, abrir a boca desses homens, fazê-los falar, conversar entre si, jogar a força do grupo contra o desamparo, o isolamento, a solidão abissal que ali se instalou. São psicólogos perfuradores, abridores de estradas, psicanalistas, behavioristas, terapeutas disso, terapeutas daquilo, que, ao avesso da bobagem de esquecer as diferenças, pelo contrário, é exatamente com elas que farão o melhor, gente brava, gente honrada, gente digna, que ali escavam também, que ali tentam dar a mão, dar uma escuta, dar uma rotina, oferecer uma vida ainda que inviável, ainda que desesperadora, ainda que improvável – a vida que há. A todos esses psicólogos, a minha homenagem.
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