terça-feira, 30 de novembro de 2010

TEBAS


Detalhe do 7ème [septième, sétimo] arrondissement [bairro] de Paris no Mapa Muji Handkerchief. Aqui está localizada a Rue de Lille, onde, no nº. 5, Jacques Lacan praticou a psicanálise de 1941 a 1981.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

VIDENTE

Retrato de Ernesto Esposito e Frederica della Volpe por Helmut Newton em Montecatini, Itália, 1989.

Tirésias logo após ter visto Atena banhando-se.

sábado, 27 de novembro de 2010

SINA

“ÉDIPO:
Quando me erguestes, eu tinha alguma dor?

MENSAGEIRO:
Teus pés dão, por si sós, um testemunho.

ÉDIPO:
Por que recordas esse mal remoto?

MENSAGEIRO:
Livrei teus pés, furados nos extremos.

ÉDIPO:
Infâmia que me avilta desde o berço.

MENSAGEIRO:
Fortuna assina no teu nome a sina.”

Édipo Rei de Sófocles em tradução de Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2001, pp. 87-88.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ÉDIPO NA AVENIDA

Kaikai e Kiki de Takashi Murakami em Times Square na parada do Dia de Ação de Graças (“Thanksgiving Day”) da loja Macy’s, ontem em Nova Iorque. Fotografia de Ian Francis em 25 de novembro de 2010.

Kaikai? Sensacional. Em português vira Cai-cai. É Édipo na avenida, o coxo, o manco, o rengo, o capengante, o humano que erra por esta Praça do Tempo, entrecruzamento da Broadway com a Bolsa, do sobe com o desce, do que fica ainda mais um pouco e do que vai embora, do Fantasma dividido no rosto, partido na alma, e que cai com a voz, cai de boca em Cristine, cai de quatro por ela, cai de cinco, cai de seis. Não há símbolo melhor desse Cai-Cai do que o Fantasma. E Kiki é Cristine. Onde o Fantasma for, lá estará ela! Espere. Mas não é o contrário no espetáculo? E quem é que está falando de ópera aqui?

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

LA STRADA

“Eu sou Giulietta”, “Sem coração seremos apenas automóveis”, anúncio da Alfa Romeo in La Repubblica, 25 de novembro de 2010.

O drama de Zampanò é que ele pode comprar quantas Giuliettas quiser. Mas ele nunca terá Gelsomina de volta. Aquilo que se perde é para sempre. Por favor, Sam, Nino Rota de novo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CORRENTEZA

Fanny Ardant por Titti Faby/Blackarchives. Entrevista à Marianna Landolo in La Repubblica delle Donne, 20 de novembro de 2010.

“Cosa ha imparato dall’amore? ‘Che bisogna diventare come um fiume. E lasciarsi andare’”.

“Que coisa aprendeu do amor? ‘Que ele precisa transformar-se como um rio. E que eu preciso deixá-lo correr’”
.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PALAVRAS CRUZADAS

Richard Burton e Elizabeth Taylor em 1965. Fotografia Cordón Press in El País, 23 de novembro de 2010.

“Ele era um galês rude com fama de ser um amante irresistível, ardente e bebedor de primeira, que viu Elizabeth pela primeira vez em 1953, durante sua primeira viagem à Califórnia. Ele tinha 28 anos, ela 21. “A mulher mais incrivelmente independente, bela, distante, remota e inacessível que eu já tinha conhecido”, recordava Burton. Não se voltaram a ver até nove anos depois, nas filmagens de Cleópatra. “Ela era viciada em fazer dramas, às brigas e reconciliações, em derrubar portas. Foi impossível para ela renunciar ao que encontrou em Burton”, confessou o terceiro marido de Taylor, Eddie Fisher, quase imediatamente abandonado.

Eles se converteram então em Liz e Dick e viveram anos intensíssimos. Ele passou de um ator britânico respeitado a uma celebridade internacional. Ela já era o que era. Mas o melhor acontecia na intimidade. “Não nos cansávamos nunca um do outro. Até com os paparazzi dependurados nas árvores, até escutando seus passos no telhado, podíamos fazer amor, jogar Scrabble [palavras cruzadas] e formar palavras indecentes, e nunca terminava a partida. Se te excitas jogando Scrabble, então é amor”, confessou Elizabeth Taylor. Nunca deixaram de amar-se. Ela disse: “Quando podíamos ser Richard e Elizabeth, o casamento funcionava maravilhosamente bem. O que não funcionava era Liz e Dick, porque eram duas pessoas que não existiam na realidade”. A última vez que se falaram foi pouco antes da morte de Burton. Ela tinha acabado de sair de uma clínica de desintoxicação e ele a viu em uma fotografia de jornal. Falaram pelo telefone, ficaram de se ver em Londres e ele se despediu com as palavras: “Adeus, amor” ”.

Fonte: Rocío García sobre o lançamento do livro El amor y la furia (La verdadera historia de amor de Elizabeth Taylor y Richard Burton), do jornalista Sam Khasner e da biógrafa Nancy Schoenberger, que acaba de ser publicado na Espanha pela editora Lumen in El País, 23 de novembro de 2010.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

AS CARIOCAS

Fonte: desenho de Milo Manara para a revista do Globo in O Globo, 21 de novembro de 2010.

A “mulher carioca” de Milo Manara, um “modelo perfeito de mulher” segundo entrevista a Cecilia Giannetti na revista do Globo de ontem, não é carioca e não é mulher. Milo Manara repetiu no desenho e nas palavras a sua fantasia que aparece invariavelmente em todas as suas obras. É sempre a mesma mulher, com os mesmos trejeitos, as mesmas bocas, os mesmos olhares, os mesmos gemidos. Manara fantasia “a” mulher. Ora, não existe “a” carioca. Como sabem Sérgio Porto, Daniel Filho e Euclydes Marinho, existem “as” cariocas. Todas imperfeitas, todas incompletas, todas não-todas. Para quem quiser apenas um exemplo, que lance um olhar de viés para Paola Oliveira, atriz maravilhosa, no episódio A Atormentada da Tijuca. Sua Clarissa ilumina, desmodela, faz da rua a passarela das que capengam, bordejam, andam por aí, gradivas na tormenta, desencaminhadas sob o sol, à procura. Mulheres.

domingo, 21 de novembro de 2010

A LESTE DO ÉDEN

Fonte: Gênesis, livro 4, versículo 22 in Vulgata, Bible Study Tools.

Fonte: Bíblia italiana traduzida por Giovanni Diodati em 1649, Bible Study Tools.


Fonte: The Complete Jewish Bible in chabad.org library.


Tubal-Caim, filho de Zila, um malleator, aperfeiçoador, afiador, polidor, inventor também, seguidor de Caim, descendente, na arte do cobre – cobrador! - e do ferro, mestre de armas, mestre de obras. Ferreiro enfim.

sábado, 20 de novembro de 2010

TUBAL-CAIM

Tubal-Caim ou o inventor da metalurgia por Andrea Pisano, c. 1334-1336, no Campanário de Giotto in Santa Maria del Fiore, Florença.

Ao lado de Adão, de Eva, da música, do pastoreio, do vinho, lá está, à oeste, Tubal-Caim, o inventor da metalurgia. A seu lado, ao sul, a astronomia, a arquitetura, a medicina, a caça, a tessitura, a legislatura e Dédalo. No outro lado, a leste, a navegação a remo, a justiça, o cultivo, o teatro, a geometria. Mais um pouco, ao norte, a escultura, a pintura, a gramática, a filosofia, a música, a aritmética, a astronomia. Isso fez Andrea Pisano na base do campanário de Giotto na Catedral de Florença, Santa Maria del Fiore. Trabalho de ferreiro.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

Fonte: Irene Maria Scalise in La Repubblica, 19 de novembro de 2010.

Irene Maria Scalise traz hoje no indispensável La Repubblica a confirmação daquilo que já se desconfiava, porém faltava a prova. O famoso canivete suíço, do qual os suíços se gabam, ganham a vida vendendo, não é uma invenção suíça. Foi invenção de um Ferrari romano há dois mil anos. A prova foi descoberta pelo imparcial Fitzwilliam Museum, museu de Cambridge, que logo o colocou em exposição. Trata-se de um instrumento feito de ferro e prata, com 15 centímetros, contendo uma colher, um garfo, uma faca, uma espécie de palito para os dentes e outros artefatos. Que os suíços me desculpem, mas o genial Orson Wells na pele de Harry Lime via Graham Greene resumiu tudo no filme O Terceiro Homem:

“Na Itália, durante os trinta anos em que os Bórgias estiveram no poder, houve guerra, terror, violência e assassinatos, mas ainda assim lá surgiram Michelangelo, Leonardo Da Vinci e a Renascença. A Suíça, com toda a sua fraternidade e seus 500 anos de democracia e paz, produziu o quê? O relógio cuco.”

Sensacional! Quanto ao relógio cuco, em breve nova revelação...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GEOGRAFIA

Fotografia de Bill Brandt.

Morretes, pequenos morros.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

À BEIRA

Em Morretes, a data incerta, o fotógrafo desconhecido.

Gradiva.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

LITORAL

À beira do Nhundiaquara, em Morretes, as candidatas do concurso Miss Litoral 2009 – Micheli Sichireri (Antonina), Vanessa Mensch (Guaraqueçaba), Viviane Bianchi (Guaratuba), Manoela Leal (Matinhos), Priscila Rosa (Morretes), Vanessa Lessa Vieira (Paranaguá), Milena Kowalski (Pontal do Paraná) por André Reu/RPC em 4 de fevereiro de 2009.

“(...) viram pela janela que estava caindo uma chuvinha de minúsculas flores amarelas.”

Gabriel García Márquez in Cem Anos de Solidão. São Paulo: Folha de São Paulo, 2003, p. 132. Tradução de Eliane Zagury.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

VOCÊ JÁ FOI A MORRETES, NÊGA? ENTÃO VÁ


Fotografia de Ryan Rafferty na coluna dos leitores “Why we travel” do caderno Travel in The New York Times, 14 de novembro de 2010.

Morretes apareceu no The New York Times! Do jeito que ela merece ser mostrada, isto é, de passagem, de relance, de viés, misteriosa, brumosa, querida Morretes, onde nunca se chega, mas se tenta, de trem, de bicicleta, a pé, se passeia, se toca, se bóia, se vagueia, cidade encantada, serra adentro, mato e morro, a vida naquele rio Nhundiaquara, rio que significa furo, buraco, ai, ai, ai, e aquele barro gostoso, barreado, o carnaval tão querido de suas meninas, todas cheirosas, Morretes.

domingo, 14 de novembro de 2010

DA ITÁLIA PARA O MUNDO


Desenho de Milo Manara.

Milo Manara esteve no Rio de Janeiro esses dias e deu de presente para o mundo uma de suas mulheres inesquecíveis, com as cores da bandeira brasileira e de braços abertos sobre todos nós. É um dos artistas imprescindíveis de nossa época. No indispensável La Repubblica de hoje, duas páginas imortais escritas por Michele Smargiassi sobre esse homem que ama as mulheres. Dois trechos, duas pérolas preciosas, maravilhosas:

“As Vênus de Milo são sonhos adolescentes, fadinhas eróticas da boa-noite, fantasmas de tinta, ninfas impossíveis, mas todas, todas elas ardentemente procurando existir. ‘Em Copenhague houve um festival de quadrinhos e de repente, na fila de autógrafos, aparece uma adolescente, vestida com um poncho, e que me perguntou: ‘Estás vendo? Debaixo estou nua. Me desenha?’. Nas longas filas que se formam em frente a Manara quando autografa seus livros, as mulheres são a maioria. O que ele responde? ‘E todas querem o desenho, todas me dizem: ‘eu pareço com aquela que você desenha, não percebes?’ Mas o problema não é que elas existam no mundo, mulheres que parecem saídas de seus quadrinhos, ‘ainda mais belas que lá’. Não: o problema é que elas querem entrar dentro dos quadrinhos, das histórias. ‘Eu recebo milhares de pacotes com fotografias de pessoas até muito famosas, não posso dizer quem. Fotos até um pouco constrangedoras de suas mulheres. Eles querem que eu as transforme em meu desenho”.

Sensacional! Mais adiante, uma linda definição de erotismo:

“Observe aqui, esta é a Vênus de Dresden de Giorgione. Ele pinta uma esplêndida mulher nua, não é mesmo? Mas aquilo que conta são as pregas do lençol debaixo do peso de seu corpo. É isso: nos meus desenhos, se uma mulher está sentada em uma cadeira, deve ser uma cadeira verdadeira, uma cadeira em que se pode sentar, a melhor cadeira que se pode desenhar. Porque se queres fazer quadrinhos pornográficos, basta uma sequência de corpos nus. Mas o erotismo está ao redor, em torno do nu. Mas é certo [e Manara sorri ironicamente neste momento] que não espero ser lembrado como um desenhista de magníficas cadeiras. Porém, se o meu sucesso tem um segredo, é este.”

Fonte: Michele Smargiassi in La Repubblica, 14 de novembro de 2010.

Epifânicas palavras. Para quem quiser se perder nas mulheres de Manara, o Brasil já tem excelentes edições. Três delas mudam a vida do sujeito para sempre: o maravilhoso “Clic 1”, o magnífico “Bórgia” em três luxuosos volumes e o atordoante “Verão Índio”, em que Manara trabalha junto com o genial Hugo Pratt, todos da editora Conrad. São para chorar de alegria o resto da vida – por isso recomendo ler e mostrar, principalmente mostrar, essas obras-primas já no berçário!

sábado, 13 de novembro de 2010

LÍVIA

Paola Oliveira como Lívia na minissérie “Afinal, o que querem as mulheres?” de Luiz Fernando Carvalho, às 5as. feiras na Rede Globo de Televisão. Fotografia de divulgação TV Globo.

Uma só cena, açucena, ela vai na chuva, corre, e uma folha dele cai sobre ela, a recobre no rosto, carícia de letras, ela sobe, prega a folha no vidro, o primeiro encontro em drops, na boca, nos olhos, nas mãos manchadas de tinta, a escrita deles dois, três, quatro, eles correm como em um túnel do tempo, a câmara treme, se retorce, cai sobre os dedos de Lívia, a pintora, que percorrem lentamente uma coleção de LPs e aí ela retira Procol Harum, a trilha, a banda, ele põe A Whiter Shade of Pale, mais letras, beijos, mais beijos, a câmera pelo avesso, torta, serpenteante, o oceano. Luiz Fernando Carvalho é um poeta. E Lívia seu poema mais lindo. Parabéns Paola Oliveira. Muito obrigado Luiz Fernando Carvalho.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

AO REDOR

Giorgio Morandi, “Paesaggio con casa rosa” [Paisagem com casa rosa], de 1928 na exposição “L’essenza del paesaggio” na Fondazione Ferrero em Alba, Itália in La Repubblica de 6 de novembro de 2010.

“Sono meravigliose le differenti versioni di una stessa veduta: non potendo spostare edifici e strade come fa con gli oggetti delle nature morte, Morandi cambia la sua posizione. Quel tanto che basta per fare un altro quadro. Gira intorno al paesaggio.”

“São maravilhosas as diferentes versões de uma mesma vista: não podendo tirar do lugar as casas e as estradas, como faz com os objetos das naturezas mortas [que amava pintar], Morandi muda sua posição. O bastante para fazer um outro quadro. Ele gira ao redor da paisagem”.

Fonte: Lea Mattarella in La Repubblica, 6 de novembro de 2010.

Translação!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ESSÊNCIA

Anúncio da exposição de Giorgio Morandi, “L’essenza del paesaggio” [“A essência da paisagem”] na Fundação Ferrero [do fabricante dos bombons Ferrero Rocher] em Alba, Itália in La Repubblica de 6 de novembro de 2010.

Morandi, ferreiro, Alba, a estrada. Doce amanhecer.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ECCE-HOMO

Fonte: primeira página do Globo, 10 de novembro de 2010.

Falando em filho da puta...o ex-presidente, hoje consultor de empresas e mega-palestrante – esteve em São Paulo recentemente, em setembro, para um mega-evento reunindo 400 mega-empresários que o aplaudiram de pé – escreveu sua auto-biografia. É o livro do ano. Vai virar capa da Veja, destaque da Exame e colunista da Você S.A. Sugiro ao democrático jornal O Estado de São Paulo, que acabou de demitir a psicanalista Maria Rita Kehl por ter escrito um artigo em que analisava a imbecilidade da nova direita no Brasil, que faça agora a justa substituição. Nada mais simbólico.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A MORTE DE UM FILHO DA PUTA

Primeira página do Página 12 de Buenos Aires, 9 de novembro de 2010.

Como escrever o epitáfio de um filho da puta? O brilhante Página 12 de Buenos Aires responde em sua edição histórica de hoje, para ler, guardar, pregar nos postes de cada cidade: “O inferno é pouco”. Morreu o filho da puta, o assassino, o torturador, o líder do campo de concentração chamado Escuela Superior de Mecánica de la Armada (ESMA), paródia macabra de Auschwitz. Morreu o filho da puta que tingiu de sangue para sempre o Rio da Prata, cemitério transformado, leito das dores, dos membros disjuntos, torcidos e retorcidos, línguas cortadas, corpos dilapidados, mortos insepultos, sem direito a nome, à memória, ao luto. Filho da puta. Que seja jogado aos pedaços no mesmo rio que profanou. Filho da puta.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

QUE DEVO FAZER?

Fotografia de Mark Kitaoka.

De Bob para Charlotte: Dei canto.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

THE DAY AFTER


Barack Obama por Doug Mills in The New York Times, 4 de novembro de 2010.

We can’t.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PERGUNTAS DE UM FERREIRO

“Perguntas de um trabalhador que lê – Bertolt Brecht (1939)


Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída –

Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas

Da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China

ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os ergueu? Sobre quem

Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio

Tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária

Atlântida

Os que se afogavam gritaram por seus escravos

Na noite em que o mar a tragou.


O jovem Alexandre conquistou a Índia.

Sozinho?

César bateu os gauleses.

Não levava sequer um cozinheiro?

Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada

Naufragou. Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.

Quem venceu além dele?


Cada página uma vitória.

Quem cozinhava o banquete?

A cada dez anos um grande homem.

Quem pagava a conta?


Tantas histórias.

Tantas questões.”


Bertolt Brecht traduzido por Paulo César de Souza in Bertolt Brecht – Poemas 1913-1956. São Paulo: ed. 34, 6ª. ed., 2001, p. 166.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

FABER FERRARIUS


Fonte: Bible Study Tools, consultado em 2 de novembro de 2010.

Na Bíblia, no Velho Testamento, Livro de Isaías, capítulo 44 e versículo 12, o faber ferrarius ali está. É o artesão ferreiro, que lima operatus, do limão faz limonada, est in prunis et in malleis formavit, lindo isso, ele faz o machado e trabalha nas brasas, no calor, dá forma ao informe, afia e desafia, formavit illud et operatus, ilude a natureza à marteladas, opera, bate e rebate sobre a matéria, mas, ai, ai, ai, suae esuriet et deficiet, sua, faminto, cansa quando non bibet aquam et lassescet, quando não bebe daquela água, desfalece. Ferra-se.