Fonte: desenho de Milo Manara para a revista do Globo in O Globo, 21 de novembro de 2010.
A “mulher carioca” de Milo Manara, um “modelo perfeito de mulher” segundo entrevista a Cecilia Giannetti na revista do Globo de ontem, não é carioca e não é mulher. Milo Manara repetiu no desenho e nas palavras a sua fantasia que aparece invariavelmente em todas as suas obras. É sempre a mesma mulher, com os mesmos trejeitos, as mesmas bocas, os mesmos olhares, os mesmos gemidos. Manara fantasia “a” mulher. Ora, não existe “a” carioca. Como sabem Sérgio Porto, Daniel Filho e Euclydes Marinho, existem “as” cariocas. Todas imperfeitas, todas incompletas, todas não-todas. Para quem quiser apenas um exemplo, que lance um olhar de viés para Paola Oliveira, atriz maravilhosa, no episódio A Atormentada da Tijuca. Sua Clarissa ilumina, desmodela, faz da rua a passarela das que capengam, bordejam, andam por aí, gradivas na tormenta, desencaminhadas sob o sol, à procura. Mulheres.
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