sexta-feira, 3 de setembro de 2010

AS COXAS DA JAQUELINE



Espetacular! Como são lindas as coxas da Jaqueline, vividas por essa maravilhosa atriz chamada Alexandra Richter. Quando esta novela começou, Alexandra demonstrou o que é uma epifania em interpretação. Cada fala sua, cada gesto, cada cena, exala um fino humor, uma ironia cheia de graça, uma busca desesperada pelo amor de sua vida, que escolheu sua melhor amiga e não ela, e aí, lá vai essa Jaqueline vibrante, essa Jaqueline cheia de tesão, uma mulher atrapalhada, uma mulher apaixonada, uma mulher transtornada. E as coxas? As coxas de Jaqueline merecem um tratado, uma ode, uma cartilha de alfabetização sexual para o mundo inteiro. Há um dengo ali, há um chamado, há um carinho naquelas coxas que desnorteiam, desarrumam, desfazem nós e correntes, as coxas de Jaqueline são correntezas. Foi Nani Moretti quem, no maravilhoso Caro Diário, fez a melhor crítica aos críticos de novelas, ao mostrar um personagem que resolve viajar para uma ilha sem televisão – e lá está o pobre, alguns dias depois, a correr desesperado para o ferry gritando “eu quero uma televisão”! Sensacional!! É uma bonita homenagem a Fellini que, no indispensável Amarcord, põem o louco a berrar do alto de uma árvore: “eu quero uma mulher”! Magnífico! As coxas da Jaqueline são assim. Fazem evocar, ardem, libertam, impulsionam. Como não lembrar daquelas outras, as da Sharon Stone, que, em contraste total com o Brasil, na América do Norte só puderam ser mostradas como as de uma assassina? Como não torcer para que as da Claudia Raia, outra Jaqueline, ai, ai, ai, finalmente se mostrem em Ti-ti-ti – aliás, que já teve as da magnífica Mayana Neiva desnudadas, no papel formidável de Desirée! Olha o nome, Desirée!! Uma última observação: obrigado Flávio Miglaccio. Em uma novela que tem a suprema Aracy Balabanian, uma gema de ouro a brilhar para sempre na existência de cada mortal, eis aí esse Fortunato impagável, incrível, fantástico. Vítima também da metalúrgica Gouveia, como o pai de Fred, eis a grande questão proposta por esse gênio chamado Sílvio de Abreu: o que é o roubo das jóias da Clara perto do roubo das vidas operada por essa perversa metalúrgica? Obrigado Sílvio de Abreu. Muito obrigado.

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