sexta-feira, 20 de maio de 2011

OS ESTADOS UNIDOS SÃO DE MARTE

“Acusado libertado”
Fonte: Libération, 20/5/2011.

Em um brilhante artigo publicado ontem e intitulado “Decoding DSK – What his fall says about transatlantic differences in attitudes to sex, power and the law” [Decodificando Dominique Strauss-Kahn – O que a sua queda diz sobre as diferenças transatlânticas – entre Estados Unidos e Europa – em relação ao sexo, ao poder e à lei], a britânica The Economist, lembra que em matéria de sexo, como na guerra, os europeus são de Vênus, enquanto os americanos são de Marte. Ou seja, os europeus riem dos puritanos norte-americanos que caem em desgraça quando descobertos pulando a cerca, ao contrário dos franceses onde ter duas casas é uma tradição, é motivo de orgulho – o mesmo para uma Itália governada por um Casanova de opereta, o fascistinha de roupão Silvio Berlusconi. A revista adverte que essa suposta superioridade européia traz o risco de criar uma cultura de silêncio e de impunidade que facilmente ultrapassa a fronteira entre o permitido e o ilegal, como nos casos de corrupção. Ela cita a acusação feita aos Estados Unidos de transformarem a justiça em um espetáculo, onde um acusado aparece algemado na mídia antes de ter sido declarado culpado por um júri, para o horror de uma Europa que considera isso inaceitável. Então, a revista conclui assim, de modo magnífico, seu argumento:

“Beyond such differences in legal cultures, one fact is inescapable. In America a modest African immigrant has obtained a swift response from the police to her complaint of sexual assault. Mr Strauss-Kahn’s innocence or guilt will be determined in court. But New York’s authorities have not shirked from arresting the head of one of the world’s leading international bodies, nor from demanding that he be kept in jail on remand. It is worth asking: would this have happened in Paris or Rome?”
Fonte: The Economist, 19/5/2011.

[Além dessas diferenças culturais em relação à lei, um fato é indiscutível. Nos Estados Unidos, uma pobre imigrante africana obteve uma rápida resposta da polícia em sua queixa de estupro. A inocência ou a culpa do sr. Strauss-Kahn será determinada na corte. Mas as autoridades de Nova Iorque não hesitaram nem um minuto em levar para a prisão o chefe de uma poderosa instituição internacional, nem em mantê-lo lá até segunda ordem. Vale a pena perguntar: e se isso tivesse acontecido em Paris ou em Roma?]

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