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segunda-feira, 27 de junho de 2011

TEMPO


Fonte: primeira página de Zero Hora, 27/6/2011.

“Leves batidas na vidraça fizeram-no voltar-se para a janela. A neve tornava a cair. Olhou sonolento os flocos prateados e negros, que despencavam obliquamente contra a luz do lampião. Era tempo de preparar a viagem para o oeste. Sim, os jornais estavam certos: a neve cobria toda a Irlanda. Caía em todas as partes da sombria planície central, nas montanhas sem árvores, tombando mansa sobre o Bog of Allen e, mais para o oeste, nas ondas escuras do cemitério abandonado onde jazia Michael Furey. Amontoava-se nas cruzes tortas e nas lápides, nas hastes do pequeno portão, nos espinhos estéreis. Sua alma desmaiava lentamente, enquanto ele ouvia a neve cair suave através do universo, cair brandamente, como se lhes descesse a hora final, sobre todos os vivos e todos os mortos.”

James Joyce, Os Mortos in Dublinenses. São Paulo: Folha de São Paulo, 2003, p. 222.

domingo, 26 de junho de 2011

NEVE

Fonte: primeira página da Zero Hora, 26/6/2011.

“Quando cai a primeira neve, no primeiro dia do uso do trenó, é agradável ver a terra branca, os telhados brancos, a respiração é suave, gostosa, e nessa época se recorda os tempos juvenis.”

Anton Tchekov em A Senhora com o Cachorrinho in Lendo Tchekov de Janet Malcolm. Tradução de Tatiana Belinky, Ediouro, 2005, pp.190.

terça-feira, 21 de junho de 2011

PARA BOBBY FISCHER COM AMOR

Bobby Fischer por Harry Benson/Life Magazine. “Em uma de suas longas caminhadas durante a disputa do título mundial de xadrez contra Boris Spassky, da Rússia, na Islândia, Bobby Fischer e Harry Benson foram passear em um campo onde alguns cavalos selvagens pastavam, e um deles se aproximou de Fischer, que amava animais. “Harry, Harry, ele gosta de mim!”, Fischer falou. Mais tarde eles saíram procurando por eles novamente, mas não os encontraram. “Ele ficou desapontado, mas nunca falou nada sobre isso”, disse Benson.” (fonte: Dylan Loeb McClain in Capturing Bobby Fischer, The New York Times, 19/6/2011).

Fechado num apartamento no Brooklyn,
um menino faz da partida da Dama, a razão de encontrá-la
e perdê-la novamente. Mas agora sob
seu controle, fazendo a cidade inteira virar
sessenta e quatro casas do tabuleiro.
E com o cavalo do rei e com o cavalo da dama,
movimentos em eles, letras e pronomes,
ele pula de Nova Iorque para Zurique,
de Zurique para Mar del Plata,
de Mar del Plata para Estocolmo,
de Estocolmo para Leipzig,
de Leipzig para Reykjavik.
Partidas.
Fechado numa casa em Carazinho,
um menino descobre com o outro como derrotar
a Variante do Dragão. Dragão Verde que um dia
o pai contou, descontou, foi. Dragão.
E a Dama?
De Ruy Lopez à Defesa Siciliana,
da Defesa Índia do Rei à Abertura Inglesa,
esse guri jogado, jogador,
um peão,
perde o grande torneio de Passo Fundo.
Às damas.

domingo, 5 de junho de 2011

ALIANÇA


Fotografia de Mauro Vieira a caminho de Barreiras, na Bahia, em cima de uma lavoura de soja, na reportagem de Carlos Wagner, “Brasil de Bombachas” in Zero Hora, 3/6/2011.

Depois da chuva.