sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TOBRUK


Um regimento dos granadeiros italianos desembarca em Trípoli entre 10 e 12 de outubro de 1912. Fotografia in La Repubblica, 25/2/11.

Eu sou um Afrika Korps. Estou em Tobruk. Meu sangue alemão dos Schmitz e dos Schwertners ferve, arde, quer vingar meu avô italiano ferido neste deserto, picado por um escorpião feroz. Foi em 1920 quando ele desembarcou na Líbia, transferido para as Tropas Coloniais em Trípoli. Durou 2 anos no deserto inclemente até que um escorpião o picasse. Ele sobreviveu à picada. Eu não. Eu sucumbi, eu padeço, eu grito esta dor. Eu manco. Meu avô derrotado por um escorpião. Inaceitável. Eu embarco agora nos Afrika Korps, eu luto em alemão para vingar os italianos humilhados, os italianos aprisionados. É outra guerra, você já está no Brasil, não importa. Eu viro um rato do deserto, logo eu, um leão, mas eu comando todos os Panzers, eu os faço correr, eu mato, eu venço. Ali onde meu avô sucumbiu, eu conquisto. Ali onde meu avô não foi, eu agora herói, eu Wüstenfuchs, raposa, o marechal de campo, O Libertador, Eu, Erwin Rommel, Führioso. Não haverá mais escorpiões neste deserto vermelho, esburacado, revirado, cemitério a céu aberto. É por você, vovô, é para você. Blitzkrieg. Eu construo falsos tanques com pedaços de árvores e restos de carros, eu, o rei das ilusões, eu ponho os ingleses para correr, amedrontados, despedaçados, ossos espalhados pela areia. Perguntem pelo meu nome em Mersa Brega, em Tripolitania, em Cirenaica, em Benghazi. Perguntem por mim em Bardia, em Salum, em Tobruk. Querido nono, é o que eu te ofereço. Nenhum ferrão irá mais te machucar. Eu, ferreiro, asseguro.

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