John Ford, o Homero das Pradarias. Com a palavra, Olivier René-Veillon sobre o magnífico “The Searchers”, 1956 [“Rastros de Ódio”, porém em inglês é mais bonito: “Aqueles que procuram, à deriva, por aí...” – belíssima tradução!!!!]: “Essa formidável busca através de desertos e de tempestades, em que a areia e a neve se levantam incessantemente no horizonte para repelir sempre para mais longe o objeto perdido, é um desses grandes relatos épicos em que, desde a “Odisséia”, se escreve o insensato diálogo do homem com o universo” (fonte: Olivier René-Veillon citado in Coleção Folha de São Paulo, Clássicos do Cinema, v. 11, Rastros de Ódio. São Paulo: Moderna, 2009, p. 55). Ford ficou cego de um dos olhos em 1935, passando a usar o tapa-olho. Costumava divertir-se colocando o tapa-olho na vista boa ou usando o binóculo apenas no olho cego – “se eu decidir me tornar um bandido, precisarei apenas de meia máscara”, repetia (fonte: O Estado de São Paulo, 1/12/2003).
“CORO:
Não surpreende que, em meio a tanto horror,
chores em dobro, em dobro o fardo pese.
ÉDIPO:
Amigo,
ainda manténs por mim o teu apreço;
de um cego ainda te ocupas.
Tristeza!
Percebo tua presença. Da penumbra,
tua voz eu reconheço claramente.
CORO:
Como pôdes ferir assim teus olhos?
Tua ação assombra! Um deus te ensandeceu!
ÉDIPO:
Apolo o fez, amigos, Apolo
me assina a sina má: pena apenas.
Ninguém golpeou-me,
além das minhas mãos.
Ver – por quê? –,
se só avisto amarga vista?”
Édipo Rei de Sófocles na tradução de Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 103.
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