Lilian Duarte, que sairá no abre-alas da Mangueira, por Fabio Rossi, produção de Rosângela Alvarenga, Fabíola Félix e Paulo Robert na coluna de Ancelmo Gois in O Globo, 6/3/2011.
Será na passagem do hoje para o amanhã. Querendo homenagear Nelson Cavaquinho, a Mangueira vai falar do buraco quente. Não há metáfora mais linda para o carnaval do que o buraco quente. De um lugar geográfico para o sexo feminino, o buraco fala do morro e do que convida ao preenchimento, à ocupação, ao infinito dessa Lilian Duarte, linda demais, a expressão querida desse buraco muito quente da falta, do que ainda não é e não será, porém, tentar chegar é a própria vida, o movimento, a força constante de ali fazer morada, habitar o buraco, passear por ele e retornar, e voltar, e dar as voltas ao redor dessa quentura, apalpá-la, acariciá-la, circum-navegá-la na boa esperança de ali fazer o ninho, a dobra do cabo, sem eira nem beira. Quem disse que o carnaval é sempre a mesma coisa acertou. É sempre o buraco quente, no buraco quente, pelo buraco quente, em direção ao buraco quente. Todo carnaval é a comemoração deste fracasso espetacular. Da não chegada, do ainda não desta vez, do fica para a próxima. Viva o carnaval! Fracassar significa viver.
domingo, 6 de março de 2011
RUMO À ESTAÇÃO BURACO QUENTE
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